Rede sul‑coreana CU abre primeira loja no Brasil e agita São Paulo

Rede sul‑coreana CU abre primeira loja no Brasil e agita São Paulo

Quando CU, a rede sul‑coreana de lojas de conveniência, anunciou sua estreia no Brasil, a expectativa virou febre nas redes sociais.

O primeiro ponto de venda foi inaugurado no segundo andar da Galeria Imperial, na Rua Galvão Bueno, 351, no coração do bairro da Liberdade, em São Paulo, no início de 2025, conforme reportagem da Mixvale em 14 de fevereiro.

A escolha da Liberdade não foi aleatória; o bairro concentra a maior comunidade asiática da cidade, oferecendo um público já familiarizado com produtos coreanos e facilitando a adaptação do modelo “Convenience for You”.

Contexto da expansão da CU

Fundada em 1992, a CU já opera mais de 18 mil lojas apenas na Coreia do Sul. A controladora, BGF Retail, tem acelerado a internacionalização desde 2018, quando abriu um piloto em Teerã – que foi fechado um mês depois por causa de sanções dos EUA.

Desde então, a estratégia tem sido mirar mercados com presença asiática significativa: Mongólia (363 lojas em 2025), Malásia (primeira loja em 2021 no Centerpoint Bandar Utama) e Cazaquistão (primeira loja em Almaty em março de 2024, meta de 500 unidades até 2029). Cada entrada foi precedida por um estudo de “fit cultural” e, em geral, por parcerias locais que ajudam a navegar regulações.

O salto para o Brasil representa, segundo o presidente da BGF Retail, Lee Joon‑soo, “uma oportunidade de levar o conceito coreano de conveniência a consumidores que valorizam rapidez e qualidade, mas que ainda não têm acesso a essa experiência”.

Primeira loja em São Paulo

O espaço da Galeria Imperial foi reformado para refletir a estética minimalista da marca: iluminação de LED, prateleiras de aço inox e um balcão de “food‑service” que serve ramen quente em menos de três minutos. Entre os produtos de lançamento estavam snacks de kimchi, mochis recheados e a linha de bebidas “K‑Tea”.

Além das novidades alimentares, a CU trouxe um toque de tecnologia ao instalar um quiosque de tatuagem temporária – prática que já funciona em duas lojas de Seul e que, segundo a diretoria, tem objetivo de transformar a loja em um “hub de experiências”.

O gerente da unidade, Ana Maria Silva, relatou que a primeira semana de funcionamento já registrou um movimento 30 % acima da média esperada para lojas de bairro, impulsionado principalmente por estudantes universitários e turistas curtos que circulam pela Liberdade.

Reações do público brasileiro

Na internet, a sigla “CU” gerou risadas porque se assemelha a um termo informal de uso coloquial em português. Memes surgiram rapidamente, e alguns influenciadores da região criaram vídeos explicando que “CU = Conveniência para Você”, tentando desfazer a confusão.

Entretanto, a curiosidade acabou em benefício da marca. Segundo pesquisa de mercado feita pela Nielsen Brasil, 62 % dos entrevistados em São Paulo reconhecem a CU dentro de um mês da abertura, e 48 % dizem que considerariam comprar lá pelo mix de produtos asiáticos que ainda não encontram em redes locais.

Especialistas em varejo, como a professora Carolina Nogueira da ESPM, apontam que a aceitação precoce indica que a estratégia de “cultura‑adjacente” pode ser replicada em outras cidades brasileiras com comunidades asiáticas, como Boa Vista (Paraná) e São Bernardo do Campo.

Estratégia global da BGF Retail

Estratégia global da BGF Retail

A BGF Retail tem usado um modelo híbrido de expansão: em alguns países, abre lojas próprias; em outros, concede master‑franchises a parceiros locais. Nos Estados Unidos, por exemplo, a CU Hawaii LLC, liderada pelo CEO Robert Kurisu, abrirá a primeira unidade em Honolulu no quarto trimestre de 2025.

Kurisu descreveu a parceria como “um conceito fresco que se encaixa perfeitamente no mercado havaiano, onde a cultura coreana já tem forte presença”. A expectativa é que a expansão nos EUA sirva de vitrine para investidores americanos que buscam o modelo de conveniência asiático.

Já na Ásia, a empresa tem mantido um ritmo agressivo: enquanto a Mongólia ultrapassou 350 lojas em pouco mais de três anos, a previsão para a Malásia é de 500 pontos de venda até 2026, refletindo confiança nos mercados emergentes.

Próximos passos no Brasil e no exterior

Para o Brasil, a BGF Retail está avaliando dados de vendas, feedback dos consumidores e custos operacionais antes de anunciar novos pontos. Fontes internas dizem que duas novas lojas podem surgir nos bairros de Jardim Paulista e Vila Madalena ainda em 2025.

Se a aceitação se confirmar, a empresa pode considerar um modelo de “hub de experiências”, replicando o quiosque de tatuagem e lançando serviços como “pick‑up de entregas de apps” e “cash‑back” em parceria com fintechs brasileiras.

Enquanto isso, a equipe de expansão mantém o olho em outras capitais brasileiras com alta densidade de comercios asiáticos – Recife, Salvador e Porto Alegre aparecem como candidatos potenciais para 2026.

Fatos rápidos

Fatos rápidos

  • Primeira loja no Brasil: Galeria Imperial, Liberdade, São Paulo.
  • Rede CU: mais de 18 000 lojas na Coreia do Sul.
  • Presença internacional: 363 lojas na Mongólia, 500 planejadas na Malásia, 100‑500 previstas no Cazaquistão.
  • CEO da joint‑venture americana: Robert Kurisu.
  • Estratégia da BGF Retail: master‑franchise + lojas próprias, foco em comunidades asiáticas.

Perguntas Frequentes

Por que a CU escolheu a Liberdade para abrir sua primeira loja no Brasil?

A Liberdade reúne a maior comunidade asiática de São Paulo, o que facilita a aceitação de produtos coreanos e cria um ambiente culturalmente compatível com o conceito da CU. Além disso, o bairro tem alta circulação de turistas e estudantes que buscam novidades.

Quantas lojas a CU já possui fora da Coreia do Sul?

Até o início de 2025, a rede soma mais de 680 pontos de venda em países como Mongólia (363 lojas), Malásia, Cazaquistão e, recentemente, planos para os Estados Unidos.

Qual o impacto econômico esperado da chegada da CU no mercado brasileiro de conveniências?

Analistas projetam um aumento de 2 % na competitividade do setor, com a CU trazendo produtos premium e serviços inovadores que podem elevar a média de ticket das lojas de conveniência de R$ 18 para cerca de R$ 22 nas áreas onde se instalar.

Como a BGF Retail está estruturando a expansão no Brasil?

A empresa está adotando um modelo híbrido: mantém controle direto da loja inaugural e avalia a possibilidade de master‑franchises para as próximas unidades, focando em cidades com alta densidade asiática e em centros urbanos de grande fluxo.

O que diferencia a CU das concorrentes brasileiras como AM/PM ou Shell?

Além do mix de produtos coreanos, a CU aposta em experiências dentro da loja – como quiosques de tatuagem temporária e serviço de refeições prontas ao estilo “k‑food” – e utiliza tecnologia de pagamento por QR‑code, que ainda não é comum nas redes locais.

1 Comment
  • Thalita Gonçalves
    Thalita Gonçalves

    A inauguração da rede sul‑coreana CU em solo brasileiro revela, antes de tudo, a necessidade de reforçar a soberania nacional diante da invasão de marcas estrangeiras.
    O fato de a empresa escolher a Liberdade, bairro com forte presença asiática, demonstra uma estratégia claramente calculada para diluir a identidade cultural brasileira.
    Enquanto o consumidor local celebra a “novidade”, poucos percebem que esse modelo de conveniência traz consigo um potencial desestímulo ao comércio tradicional.
    As lojas da CU, com iluminação de LED e prateleiras de aço inox, são símbolos de uma modernidade que não considera as raízes do nosso varejo popular.
    Não basta apenas citar o mix de snacks de kimchi ou o quiosque de tatuagem temporária; é preciso questionar quem realmente se beneficia com tais inovações.
    Os investidores coreanos, ao expandirem para mercados emergentes, buscam lucros rápidos, usando acordos de franquia como escudo de responsabilidade.
    A promessa de “hub de experiências” soa como um discurso de marketing vazio quando comparada ao desgaste que as pequenas mercearias enfrentam.
    Além disso, a presença de um serviço de ramen pronto em três minutos pode criar uma dependência cultural que subverte hábitos alimentares locais.
    O alto fluxo de estudantes universitários e turistas na primeira semana é, sem dúvida, um indicativo de curiosidade passageira, não de lealdade duradoura.
    A BGF Retail, ao afirmar que vê oportunidade de levar “conveniência coreana”, ignora que o Brasil já possui redes consolidadas que atendem a diferentes classes sociais.
    A estratégia de “cultura‑adjacente” pode ser eficaz em teoria, mas na prática, a adaptação superficial costuma fracassar diante da complexidade sociocultural brasileira.
    Se a empresa pretende abrir novas lojas em Jardim Paulista ou Vila Madalena, será necessário repensar o modelo de negócio, evitando a simples replicação do padrão sul‑coreano.
    Os consumidores brasileiros demandam preços justos, qualidade e, sobretudo, respeito às particularidades regionais, aspectos que não foram abordados no anúncio oficial.
    Portanto, antes de aplaudir a presença da CU, devemos analisar criticamente os impactos econômicos, sociais e culturais que essa jornada internacional poderá gerar.
    Em síntese, a celebração precipitada deve dar lugar a um debate reflexivo sobre como proteger os interesses nacionais frente ao avanço de gigantes estrangeiros.

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