INMET emite alertas laranja e amarelo para tempestades em 12 estados com risco de ventos de 100 km/h e granizo
O INMET emitiu alertas de tempestade em escala nacional nesta segunda-feira, 3 de novembro de 2025, com risco iminente de chuvas torrenciais, ventos de até 100 km/h e queda de granizo em 12 estados. O alerta laranja — sinal de Perigo — atinge Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, enquanto o amarelo — Perigo potencial — cobre Amazonas, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Pará, Tocantins, Goiás, Espírito Santo e parte da Bahia. A situação é grave: já há um morto confirmado em São Paulo, e cidades inteiras estão sob risco de alagamentos e quedas de energia. A população precisa agir agora — não é só um aviso, é um sinal de que a natureza está em alerta máximo.
Tempestades já causam vítimas e danos em São Paulo
Nas últimas 48 horas, o estado de São Paulo virou cenário de caos. Na madrugada de domingo, 2 de novembro, um homem de 34 anos morreu ao ser atingido por um galho de árvore durante uma festa universitária no Aeropark Clube de Voo Desportivo, na Rodovia Raposo Tavares, em Regente Feijó. O temporal que atingiu a região no fim de semana também destruiu telhados, derrubou postes e deixou mais de 40 mil residências sem luz em Assis, Araraquara, Américo Brasiliense e Barretos. "Foi como se o céu tivesse se aberto de uma vez", contou uma moradora de Barretos ao Correio Braziliense. "A chuva caiu tão forte que a água entrou pela janela do quarto. A gente só conseguiu sair de casa com o carro porque a rua já estava virando rio.""Alertas detalhados: o que cada cor significa e onde vale
O INMET classifica seus alertas em três níveis: amarelo (Perigo potencial), laranja (Perigo) e vermelho (Grande perigo). O alerta laranja, o mais grave emitido nesta rodada, indica risco de até 100 mm de chuva em 24 horas, ventos acima de 80 km/h e granizo de tamanho significativo — capaz de danificar veículos e telhados. Já o amarelo prevê chuvas entre 20 e 50 mm/h, ventos de até 60 km/h e risco de deslizamentos. Além da faixa central e sul, um alerta amarelo específico foi emitido para o Vale São-Franciscano da Bahia, válido entre 4 e 5 de novembro. Oito municípios estão na lista: Bom Jesus da Lapa, Carinhanha, Feira da Mata, Ibotirama, Muquém do São Francisco, Paratinga, Serra do Ramalho e Sítio do Mato. A previsão é de chuvas de até 30 mm por hora, o que pode causar cortes de energia e deslizamentos em áreas de encosta. A CEMIG já alertou que a demanda por reparos pode triplicar nos próximos dias.Defesa Civil e bombeiros em estado de prontidão
A Defesa Civil acionou planos de contingência em todos os estados sob alerta. Em Minas Gerais, equipes foram deslocadas para regiões de risco de deslizamento, como o Triângulo Mineiro. Em Goiás, escolas públicas em áreas baixas foram fechadas temporariamente. O sistema de alerta do INMET é o principal instrumento para essas decisões — os dados são cruzados com sensores de solo, radares e modelos climáticos. Para emergências, a recomendação é clara: ligue para 199 (Defesa Civil) ou 193 (Corpo de Bombeiros). Problemas com energia devem ser reportados à operadora local — em Minas, é a CEMIG (116); em São Paulo, a CPFL (0800-010-1234). "Não espere a água entrar em casa para agir. Se o vento estiver forte e o céu escurecer repentinamente, vá para um cômodo interno, longe de janelas", orientou o coronel Carlos Eduardo, da Defesa Civil de São Paulo.
Previsão para os próximos dias: chuva persiste, mas frio chega
Segundo o INMET, o Informativo Meteorológico nº 42/2025 confirma que as chuvas intensas vão continuar até sexta-feira, 7 de novembro, especialmente no Centro-Oeste e Sudeste. Mas o que chama atenção é o que vem depois: para sábado, 8 de novembro, novos sistemas frontais devem intensificar as precipitações no interior de São Paulo e Minas. Já no domingo, 9 de novembro, a massa de ar polar começa a avançar. A previsão é de queda brusca de temperatura — máximas abaixo de 20°C em cidades como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. "É um fenômeno raro para esta época do ano. O frio vai chegar junto com a chuva, e isso aumenta o risco de doenças respiratórias", explicou a meteorologista Ana Lúcia Mendes, da Universidade de São Paulo.Por que isso está acontecendo? O contexto climático
A intensidade dessas tempestades não é coincidência. A região central do Brasil vive um padrão climático atípico desde o início de 2025, com a combinação de um El Niño persistente e temperaturas recordes no Oceano Atlântico. Esses fatores aumentam a umidade no ar e aceleram a formação de nuvens de grande desenvolvimento vertical — as chamadas cumulonimbus. "É o mesmo sistema que causou enchentes no Rio Grande do Sul em 2024, só que agora se expandiu para o interior", diz o climatologista Roberto Souza, da UFRJ. "A infraestrutura urbana não está preparada para isso. As galerias de águas pluviais, construídas há 30 anos, não suportam 100 mm em 24 horas." Especialistas apontam que, nos últimos cinco anos, o número de alertas laranja e vermelho do INMET aumentou 140%. A maioria das mortes por temporais ainda ocorre por acidentes evitáveis: quedas de árvores, enxurradas em ruas sem drenagem e deslizamentos em encostas ocupadas irregularmente.Frequently Asked Questions
Quais cidades estão em maior risco imediato?
As cidades com maior risco imediato são as que já registraram danos: Regente Feijó, Assis, Araraquara, Américo Brasiliense e Barretos, em São Paulo. No Centro-Oeste, Campo Grande (MS) e Uberlândia (MG) estão sob alerta laranja. Na Bahia, o alerta amarelo atinge oito municípios do Vale São-Franciscano, incluindo Bom Jesus da Lapa. A Defesa Civil recomenda evitar deslocamentos nessas áreas até 7 de novembro.
Como saber se meu bairro está na área de alerta?
O INMET disponibiliza mapas interativos em seu site oficial, com camadas por município e horário de vigência. Também é possível receber alertas por SMS ao cadastrar seu número no aplicativo ‘Tempo Agora’ ou no portal do INMET. Muitas prefeituras também enviam notificações por WhatsApp. Se você mora em área de encosta, vale ou próximo a rios, considere-se em risco mesmo que seu município não esteja na lista oficial.
O que fazer se granizo cair na minha casa?
Se granizo for avistado, fique longe de janelas e telhados. Granizo de mais de 2 cm pode perfurar telhas de fibrocimento e vidros. Não saia para avaliar danos durante a tempestade. Após a chuva, fotografe os danos e entre em contato com a seguradora — muitos seguros residenciais cobrem queda de granizo. Em São Paulo, a Defesa Civil já registrou mais de 1.200 ocorrências de telhados danificados apenas no fim de semana de 1 a 3 de novembro.
Por que Minas Gerais aparece em dois alertas diferentes?
Minas Gerais é um estado grande e com variações climáticas regionais. O alerta laranja vale para o Sul e Triângulo Mineiro — áreas mais afetadas por tempestades severas. Já o alerta amarelo cobre o Norte e Nordeste mineiro, onde a chuva é intensa, mas menos violenta. Isso acontece porque o INMET divide os alertas por microrregiões meteorológicas, não por estado inteiro. A mesma lógica se aplica a São Paulo e Goiás.
Essa situação vai piorar nos próximos anos?
Sim. Estudos do IPCC e do INPE apontam que o Brasil Central terá 30% mais eventos extremos de chuva até 2040. A urbanização desordenada e a degradação de bacias hidrográficas amplificam os impactos. Cidades que não investem em drenagem, como muitas do interior, estão em risco crescente. O alerta de hoje não é só meteorológico — é um chamado para políticas públicas de resiliência climática.